Experimentando com pigmentos fotossensíveis

Jul 1, 2024

Recentemente, tive o prazer de ser chamado para participar da produção de um clipe em animação (realizando o sonho do pequeno Nicholas que assistia muito o Splat! no Discovery Kids).

Pois bem, nas etapas iniciais do projeto, a diretora do clipe começou a realizar alguns experimentos mesclando cianotipia e stop motion para capturar o movimento de plantas ao vento.


Um teste feito nos estágios iniciais


cianotipia e antotipia

Por conta da natureza mais bucólica da música e da direção criativa que decidimos tomar, surgiu a ideia de utilizar pigmentos feitos a partir de extratos vegetais que por possuírem alguns tipos de flavonóides fotossensíveis, permitem um processo de revelação fotográfica de contato muito parecida com o da cianotipia, num processo chamado antotipia.

As maiores diferenças entre a cianotipia e a antotipia estão na química (já que os pigmentos para aantotipia são feitos de plantas como cúrcuma, beterraba e hortaliças escuras como espinafre e couve) e no tempo para revelar a imagem. Enquanto a cianotipia demora no máximo alguns minutos, a antotipia é muito mais lenta e, por conta da variação química entre uma planta e outra, sem um tempo determinado.


Antotipia feita com pigmento de beterraba


criando frames de animação

Para descobrir de maneira relativamente rápida a viabilidade para criar frames de animação usando a antotipia, preparamos o seguinte experimento:


1) Preparamos um pigmento feito de cúrcuma (que rendeu um tom de amarelo belíssimo que no final das contas acabou sendo usado de outras maneiras no clipe) e aplicamos ele sob papel de aquarela.

2) Separamos um trecho de vídeo, ajustamos o contraste, separamos em 12 frames e colocamos todos eles em uma transparência A4.

3) Colocamos a transparência por cima do papel com o pigmento e deixamos ele exposto ao sol.



Após cerca de 3 dias de exposição ao sol, as áreas expostas à luz perderam a cor.


E ao juntar tudo isso, temos uma animação feita num processo bem diferente.


aprendizados e conclusão

Por mais que tenha sido muito divertido e interessante a técnica, no fim das contas o tempo de exposição prolongado para produzir 1 segundo de animação acabou não valendo muito a pena. No entanto, os pigmentos acabaram sendo usados de maneira mais tradicional (e com ótimos resultados). Assim, que o vídeo for lançado, postarei mais sobre esse processo.